inSight
XI
tento manter a cabeça à tona.
o turbilhão é tão grande
que o corpo cede.
se conseguir respirar
renovar o oxigénio
talvez me aguente.
X
gosto de me ver ao espelho.
mas hoje estou demasiado cansada para olhar para mim.
IX
se me deixar levar,
vou acordar
ou adormecer?
VIII
fiquei à espera que, com o decorrer do tempo, algo me iluminasse.
o relógio não parava. não parou.
as banalidades a saírem pela boca fora, sem controle aparente,
e eu a sentir-me tão estúpida por perder tempo com aquilo!
mas sem conseguir contrariar.
VII
quando subir as escadas já estarei a desfalecer.
irei diluir-me no vão da escada, escorrer pela alcatifa, até que ao sofá chegará somente
um pingo
uma nódoa
VI
nem me apetece imaginar, quanto mais concretizar.
é preguiça? é sofrimento?
não me apetece.
ainda assim, acho que te vou visitar.
não consigo assumir uma desculpa suficientemente boa para não ir.
V
um amor atrevido so o é, porque nos liberta.
é aquele que nos leva, com pudor e cerimónia, a ultrapassarmos a nossa timidez.
que nos permite ousar contemplar, ainda que de soslaio, o objecto do anseio.
que nos solta margaridas da boca, pétalas que caem, uma a uma, mesmo que tibuteantes.
nunca é aquele que nos faz ser inconvenientes. directos. crus.
IV
a culpa, por muito que a enxotes,
essa, às vezes
morde!
III
não encontrei ferrão com que te ferir.
fui branda no abandono.
hoje, ainda procuro libertar-me do lixo que trouxe.
tivera eu presente a razão nessa hora, e hoje serias paisagem.
assim, és um insecto.
II
n
e
m
arrancadas
a ferro,
elas saem!